CELEBRANDO OS 10 ANOS DE CRIAÇÃO DA NOSSA DIOCESE DE
CASTANHAL
Catedral de Castanhal, 28 de dezembro de
2014, às 19 hs
Amanhã se completam 10 anos da criação de nossa diocese. No
dia 29 de dezembro de 2004, ultima quarta feira daquele ano, no Colégio São
José de Castanhal, Dom Orani J. Tempesta, na minha e na presença de Mons.
Marcelino Gonçalves Ferreira e dos padres que naquele ano cuidavam das
paroquias do interior da Arquidiocese de Belém, tornou publica a noticia da
criação da nova Diocese de Castanhal e da nomeação deste vosso pastor como seu
primeiro bispo diocesano.
Para refletir sobre os 10 anos de nossa diocese deixo-me
conduzir pelo Evangelho de Lucas 2 que acabamos de ouvir.
“Maria e José levaram Jesus a Jerusalém, a fim de apresentá-lo ao
Senhor” (Lc 2,22).Maria e José conscientes que o Filho que receberam é
dom de Deus, o entregam e consagram ao Senhor. Também nós, como eles, temos
plena consciência que a nossa diocese de Castanhal é dom de Deus. E hoje,
lembrando aquele começo, estamos aqui para oferecer e consagrar ao Senhorcada
um de nós, nossa família e, sobretudo,a Igreja de Castanhal que nós somos, do
jeito que nós somos, com nossas fraquezas e imperfeições, nossas infidelidadese
contra testemunhos, mas também com tudo o que o Senhor fez de belo e bom em nós e através de nós, em nossas famílias,
comunidades e paroquias, em toda a nossa diocese ao longo destes 10 anos, desde
os primeiros passinhos até os últimos acontecimentos pessoais e eclesiais
destes dias.
O trabalho, a determinação e o compromisso de alicerçar e
construir nossa Igreja Local sobre a Palavra de Deus, a Missão, a Comunhão, a
Caridade, a Eucaristia, a Iniciação à Vida Cristã, as Pequenas comunidades,os
grupos de Lectio Divina; as três Assembleias Diocesanas de Pastoral; o surgimento e crescimento das pastorais e
serviços, a fundação do nosso Seminário Diocesano São João Paulo II, as ordenações
sacerdotais e diaconais, a presença e a doação entre nós dos padres fiei-donum
de Brescia, de Milão, de Brasília, de São Paulo, a criação das duas novas
paroquias, a construção e dedicação da nossa Catedral e a construção de tantas
igrejas em toda a diocese, a organização e o serviço da Cúria diocesana, os
inúmeros encontros de formação a nível paroquial e diocesano, as Semanas de
Lectio Divina, as duas Visitas Pastorais,
a Adoração Eucarística Perpetua, a Mesa da Caridade e a Casa de Acolhida Beata
Madre Teresa de Calcutá, as comunidades terapêuticas da Ressurreição e da SS.
Trindade e nestes últimos meses, três novas comunidades religiosas e a benção
do grande mosaico de nossa catedral.
Conscientes que é o Senhor que faz a Igreja, que a sustenta,
a alimenta, a purifica, a santifica,a
mantem unida e fiel,nos consagramos a Ele, nos colocamos, hoje, em suas mãos
para que nos converta, nos purifique, nos renove, nos liberte da tentação da
acomodação, do medo de avançar para aguas mais profundas, do mundanismo e do
conformismo às modas passageiras, e nos faça voltar ao primeiro amor,
reavivando nossa fé, esperança e caridade.
Nós, Diocese
de Castanhal, precisamos de um coração positivo, aberto, dilatado e entusiasta
juvenil como o de “Simeão, que esperava a
consolação do povo de Israel – acreditava que - não morreria antes de ver o
Messias” (Lc 2, 25). Quando falta a esperança, quando o desanimo,
a lamentação e o derrotismo tomam conta estamos enterrando nossa fé,
nossa vida cristã, acabamos com nossa missão e nossa Igreja. Dez anos depois da
criação de nossa diocese, digo a mim mesmo, aos meus padres, as religiosas, a
você que me escuta, a cada batizado leigo, a cada criança, jovem, adulto e
idoso, a cada casal: “Animo! Animo!
Coragem! Coragem! Esperança, muita esperança!
Sabemos
quanto trabalho, esforço e dedicação
estas atitudes necessitam para
acontecer. Não são coisas baratas.
Exigem a nossa perseverança contra toda manifestação contraria. Exigem um alto
custo, o encontro continuo com o Senhor, uma intensa vida de oração, de escuta
de sua Palavra, de atento discernimento dos fatos da nossa vida pessoal, familiar,
social e eclesial, de entrosamento e participação ativa na vida da Igreja.
Sejamos, pois, uma Diocese que vive com esperança, que transmite coragem, que
se deixa animar pelo Espirito de Jesus.
“Simeão
tomou o menino nos braços e bendisse a Deus” (Lc 2,28). Simeão
encontra, em fim, o Senhor que tanto
esperou. Esta é a maior graça que uma
pessoa pode alcançar: encontrar o
Senhor. Recebê-lo em seus braços.
Como Simeão,
tomemos o Menino em nossos braços. O que de mais precioso a Igreja tem é Jesus!
Ele é a perola preciosa,o tesouro que nos é dado. Mas eu pergunto: Que Igreja
somos? Acolhemos Jesus em nossa vida?
Ele nos encontra abertos, atentos, disponíveis, para escutá-lo e segui-lo? Cultivamos
a amizade com Ele? Damos-lhe tempo, atenção e carinho na oração, na adoração,
na eucaristia dominical? O reconhecemos e acolhemos nos pobres e nos pequenos?Lembremos
que não podemos dar o que não temos.
Simeão com o
Menino nos braços bendisse a Deus. Olhando para trás, para estes 10 anos de
caminhada de nossa Diocese de Castanhal temos muito para bendizer, agradecer e
louvar a Deus. Cada um, pessoalmente,
cada família, cada comunidade, paroquia, cada pastoral, movimento e serviço,
vai encontrar em sua memoria inúmeros motivos para agradecer o Senhor.
Valeu a
criação da nossa Diocese? Foi de fato, e
é, umabenção de Deus?
Claro que
foi!
Por isso é
justo e necessário, é nosso dever e nossa salvação louvar e bendizer o Senhor por ter confiado a
nós frágeis e pecadores a sua Igreja e a missão de torna-lo presente com nosso
testemunho.
Agradece-lo
pela sua infinita paciência e misericórdia, pela sua divina Providencia que
sempre proporcionou os recursos humanos e materiais necessários para o nosso
trabalho de evangelização.
Agradecer o
Senhor pela ação pastoral de nossos padres e diáconos, que como colaboradores
do bispo, tornam Jesus Servo e Pastor presente em todas as comunidades e
paroquias, animando-as, coordenando-as e santificando-as com sua dedicação, desprendimento
e serviço.
Agradece-lo
pelo trabalho incansável, escondido ehumilde dos leigos que vivem o Evangelho
com paixão;amam, servem e cuidam com alegria dos irmãos e irmãs de suas
comunidades;pelos nossos seminaristas e vocacionados; pela presença abençoada e
confortadora das nossas religiosas.
Agradece-lo
por Dom Vicente J. Zico que, iluminado pelo Espirito de Jesus, trabalhou para a
criação da nossa Igreja Local. Agradece-lo também por tantos amigos e
benfeitores daqui e da Italia que com generosidade nos apoiaram ao longo destes
10 anos.
Sem Jesus não há Igreja. É por causa dEle que Ela existe. Assim
entendemos que a nossa Diocese de Castanhal foi criada exatamente com esta
única finalidade, levar Jesus a cada pessoa, ajudar cada irmão e irmã a
encontrar-se pessoalmente com Ele, na sua Igreja.
Jesus, como
diz Simeão, é “Luz para iluminar as nações” (Lc 2, 32). Por isso não podermos
prendê-lo, escondê-lo e guarda-lo para
nós. A Igreja iluminada por Cristo existe para iluminar a todos, para fazer
resplandecer esta luz, sem excluir ninguém.
Nossa
diocese reflete a luz de Cristo? Brilha com força, iluminaa vida pessoal e
familiar, orienta a ação cultural, social, politica e econômicado povo do
Nordeste Paraense, suas lutas e sua caminhada? Nós levamos esta luz ,chegamos
lá onde a noite, o desespero, a angustia são mais escuros, onde parece que não
tem mais jeito? Esta é a nossa missão, a missão de nossa diocese.
“Este menino vai ser causa tanto de queda como reerguimento para
muitos... será um sinal de contradição” (Lc 2,34). De queda para quem o
rejeita, de salvação para quem acredita nele e se deixa amar por Ele. Como o
Mestre, assim também a Igreja é um sinal de contradição. Para atrair mais
gentee agradar a todos não podemos encurtar as exigências do Evangelho, nem
compactuar com o dinheiro, o poder, o prestigio. Quando em nossa ação pastoral, experimentamos
a rejeição, o desprezo, a indiferença, a ridicularização da fé, é então que
devemos ter cuidado para não trair nosso Senhor que se fez pobre, ultimo, servo
de todos, perseguido e morto. O levantamento da Visita Pastoralque terminei a
poucos dias, mostra que aumentou a numero dos que não si consideram mais
católicos, que se declaram sem religião e dizem que tudo isso é crendice, mito, fabula. Diante
disso nos perguntamos se essa rejeição foi provocada pelo nosso
contratestemunho, pelos escândalos dentro da Igreja, por sermos católicos por
tradição e não por convicção profunda. Abaixamos a cabeça e pedimos perdão. Mas
não podemos silenciar e nos alegrar ao
ver que ao longo destes anos, muitos católicos estão mais conscientes da beleza
e da importância de sua fé, mais atuantes e comprometidos em suas comunidades.
Conhecemos muitas pessoas que tocadas pela Palavra do Evangelho, atraídas pelo
testemunho simples e alegre dos irmãos despertaram para a fé, acolheram a
pessoa de Jesus, voltaram para Ele, se integraram na comunidade cristã, e agora
com alegria e orgulho se sentem parte da família de Jesus.
“Simeão disse a Maria, a mãe de Jesus: uma espada te traspassará a
alma”(Lc 2, 35). A lança que traspassa a alma da Mãe de Jesus, e que
traspassa também a alma da nossa Igreja da qual Maria é imagem, é o nosso
pecado. São ospecados destes 10 anos de caminhada. Os meus pecados de bispo, os
pecados dos padres, diáconos, religiosos/as, os pecados de cada esposo e
esposa, de cada cristão. Ha matéria para um longo exame de consciência. De fato
os maiores obstáculos e dificuldades da
Igreja surgem dentro dela, provocados por nós mesmos. Pela nossa falta de
autenticidade, de fidelidade e de unidade. O mundanismo, o consumismo, o
individualismo nos devoram, nos afastam do Evangelho, matam o Espirito e nos
deixam sem força para nada. Sem esconder nossa fraqueza e conscientes que,
aonde abundou o pecado superabundou a graça, clamamos ao Pai da Misericórdia:
“Tende compaixão da tua Igreja, perdoa seus pecados, não nos deixes cair em
tentação, mas livra-nos do mal”. Que este ano jubilar seja a ocasião para uma
verdadeira conversão pessoal e pastoral provocada e sustentada pela ação do
Espirito de Jesus a quem invocamos: “Tu que renovas todas as coisas, faze que
hoje nos tornemos novos contigo”.
“Ana pôs-se a louvar a Deus e a falar do menino a todos os que
esperavam a libertação de Jerusalém” (Lc 2,38). Nossa Diocese, como
Ana, precisa lançar-se com mais ousadia e liberdade para evangelizar nossas cidades, vilas e povoados, as periferias existenciais e geográficas, os lugares de trabalho,nossos jovens e nossas
famílias, indo ao seu encontro,encarando seus desafios, mostrando Jesus a todos
com nossa vida, anunciando e testemunhando a alegria do Evangelho. O Espirito de Jesus convoca todos nós, bispo,
padres, religiosas e leigos para a missão permanente, sem excluir ninguém. Pois
a missão não depende da idade, dos estudos, do dinheiro, da propaganda, da
chuva o do sol, mas unicamente de um coração abrasado, encantado, apaixonado,
enamorado, louco por Jesus. Que Ana, esta mulher viúva com 84 anos, apóstola e
evangelizadora que se manda pelos quatro cantos da cidade querendo partilhar
com todos a graça de ter encontrado Jesus, o Esperado, o Amado do seu coração,
o Salvador, seja de exemplo para todos nós. Que eu e você, que todos nós,
Diocese de Castanhal nos lancemos, pois para a missão. Missão feita com os pés
dos que partem, com os joelhos dos que rezam, com as mãos dos que ajudam.
“O menino crescia e tornava-se forte, cheio de sabedoria; e a graça de
Deus estava com ele.” (Lc 2, 40). Um Igreja que se torna forte, cresce
em sabedoria e graça. Como nos lembra São Paulo: “É de Cristo cabeça que o corpo todo recebe coesão e harmonia, mediante
toda sorte de articulações e, assim, realiza
o seu crescimento, construindo-se no amor, graçasà atuação devida de cada
membro” (Ef 4,16). O crescimento da nossa igreja dependerá da atuação de
cada membro e sobretudo da sabia atuação de nós pastores. Se sairmos de nós
mesmos e atendermos o mandato de Jesus de ir e anunciar o Evangelho a todos, se
acreditarmos no poder da Palavra que cresce, do pequeno grupo que se
multiplica, incorporando cada pessoa de tal forma que se torne um discípulo de
Cristo, alguém consciente de sua fé e missão,e assumirmos as diretrizes de nossa
ultima Assembleia diocesana, então a Igreja crescerá e através dela, Cristo
Jesus ficará conhecido, amado por todos.
Se como no belíssimo mosaico da abside de nossa catedral,
sentirmo-nos parte de um todo, sem diminuir o valor de ninguém, e sim valorizando
os dons de cada um, então experimentaremos a harmonia, a beleza, o encanto, a
alegria de sermos a Igreja amada de Jesus, obra prima do seu Espirito.
Que Deus nosso Pai, pela intercessão de Santa Maria, Mãe de
Deus, nossa Padroeira,abençoe nossa Diocese que completa seu decimo aniversario
de criação, cumulando-a com todas as suas benções. Amém!
Dom Carlos Verzeletti