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16 de março de 2010

Lectio Divina para Domingo, 21 de Março

Lectio Divina

Dom Carlos Verzeletti

Jo 8,1-11

Antes de tudo, gostaria de dizer que este capítulo 8º, estes 11 versículos, muitos dizem que não são do evangelho de João, mas que seriam de Lucas. Por que o jeito de contar é de Lucas, e se perguntam como é que caíram no Evangelho de João? Santo Agostinho, Santo Ambrósio e São Jerônimo, eles deram uma explicação, talvez este versículo e esta passagem da adúltera entrou no evangelho de João porque lá no começo da Igreja havia uma certa resistência diante desta atitude de acolhida por parte de Jesus para com a pecadora.

Na verdade esta passagem está aí acolhida por todo o concílio de Trento aceitou que estes versículos também eram canônicos, faziam parte da revelação, e esta passagem é a mais lida e interpretada por todos. É bonita porque nos mostra a maneira de pensar de Jesus, de amar. Ele vem para ressuscitar os mortos, Ele no caso está ressuscitando esta mulher que já estava morta, por ser condenada por adultério já está destinada a morte, esta mulher começa a viver uma nova vida, quando Jesus diz: “ninguém te condenou também não te condeno”.

A mulher neste exato momento começa a viver uma nova vida, o que vimos aqui é o que já vimos no Domingo passado. Jesus é o amado dos pecadores e dos publicanos, Ele é acusado de blasfêmia, porque Ele perdoa os pecados, Lucas 7,47, no momento em que Jesus está comendo na casa de Simão, o fariseu, e de repente chega uma mulher que se ajoelha e chora, Simão fica escandalizado, - mas como Jesus que é profeta não percebe o tipo desta mulher - e Jesus depois fala, diz que, aquele que muito foi perdoado muito amará, amará mais aquela que foi perdoado mais, enquanto que o justo, que não precisa nem do perdão, não sabe amar, porque ele não tem este dom esta disponibilidade de receber o perdão.

Na verdade é Jesus que carrega nosso mal, porque nos ama, não fica esperando que nós nos arrependamos, na verdade está sempre pronto para o perdão.

Jesus é condenado por aqueles que fazem a lei que conhecem a lei, e através da lei pensam que tem tudo, Ele é condenado e isto lhe vai custar caro, porque será morto, Ele inocente e justo será morto para salvar o culpado, que sou eu, não só aquela mulher, e Jesus diz aqui – quem é que está sem culpa? Quem está sem pecado? Jogue sua primeira pedra! – na verdade o único sem pecado, é só Ele, e acaba se fazendo pecado, já dizia são Paulo na segunda leitura de domingo passado.

Temos que lembrar o que diz São João – Deus ama o mundo de tal forma, ao ponto dar o seu filho unigênito, para que todos tenham vida – Jesus não veio para condenar, Jesus tira esta mulher da morte, mas sempre o desejo de Deus de que o pecador se converta.

Na cena do V. 1 e 2, volta par o templo onde fica ensinando, não sabemos o que ensinava, na verdade Ele mesmo é o ensinamento, é a verdade, Deus agora se faz presente em Jesus, e em Jesus manifesta o seu perdão, nesta cena de repente os escribas trazem uma mulher apanhada em adultério.

Neste evangelho temos uma pecadora, e ela está cercada, um círculo de morte, estes que são os guardiões da lei, parecem mais os guardiões da morte, no final ficará só ela com Jesus que lhe devolverá a liberdade e o amor. Ela que já estava morta, por estes que só enxergam o mal.

Aqui o plano deles, é o assassinato coletivo que já acontecia naquele tempo, e de vez em quando ainda acontece, quando quebram as delegacias, matam pessoas, etc. As pessoas querem fazer justiça sozinhos, parecem que perdem a cabeça, é uma ação coletiva, da qual ninguém se sente responsável, porque afinal é uma multidão que está fazendo.

Todos vão atrás de um que possa expiar seus pecados.

Tem mais um agravante, esta mulher já tinha sido condenada pelo hebreus, segundo a lei, aqui se Jesus aceita a decisão do tribunal, Ele estará se opondo aos romanos, se não reconhece valido a decisão dos hebreus, se declara a favor dos romanos, no primeiro ele seria acusado de subversão, no segundo caso, se ele está a favor dos romanos ele não é mais o messias pois o messias, que os hebreus esperavam era aquele que os libertaria dos romanos, isto para mostrar a armadilha que eles tinham preparado. Como insistissem em perguntar, e tu o que dizes? “Jesus inclinado-se começou a escrever no chão com o dedo”, Jesus pederia responder logo, mas Jesus é inteligente, ele não enfrenta logo a multidão que está lá, a multidão está com sede de sangue, Jesus não enfrenta a multidão mas também não provoca a multidão, não que desafiar a multidão, se dobra sobre si mesmo e começa a escrever o que Jesus faz, pára para refletir, não quer esta violência coletiva, e eles continuam a perguntar e tu o que tu dizes?... começa a escrever no chão com o dedo, na verdade não importa o que ele escreveu, uma passagem do profeta Jeremias 17, 13 diz assim: “os que se afastam de ti serão escritos na poeira, porque se afastaram da fonte da água viva, o senhor”. Escrever é nossa maneira de comunicar algo ao outro, a escritura é toda esta manifestação do amor de Deus ao povo.

Paramos de julgar os outros quando passamos a julgar nós mesmos, na verdade Jesus não julga nem condena, vale lembrar. Jesus diz neste evangelho que não devemos julgar mas que devemos absorver, dar misericórdia, par nos tornarmos misericordioso como o pai.

Depois que Jesus levanta e fala para eles, se inclina novamente e continua a escrever no chão, ele não quer matar ninguém, o resultado escutamos no versículo 9, “Ouvindo isto foram saindo uma a um a começar pelos mais velhos”, imagina aquela multidão que está com sede de sangue.

Jesus só quer que cada um entre dentro de si mesmo, a carta aos romanos que todos pecaram... e nós não podemos mentir para nós mesmos.

2 comentários:

Anônimo disse...

MUITO BOM, NOS FAZ PERCEBER QUE DEVEMOS PÁRA DIANTE DE MUITAS SITUAÇÕES DO DIA A DIA, REFLETIR PARA AGIR! MUITO LEGAL!

Anônimo disse...

Que comentário maravilhoso, desta forma, simples e bojetiva é que faz com que possamos refletir sobre as nossas vidas em especial, como devemos nos comportar com os nossos irmãos.
Parabéns ao autor do comentário.
Que a PAZ DO SENHOR esteja sempre contigo meu IRMÃO.
Adilson Costa(Paróquia de S. José)