Peregrinos vão em busca de bençãos, para agradecer graças alcançadas e para rezar |
O amor do povo católico por Maria vem desde os primórdios do
cristianismo, pois consagrados como filhos da Mãe de Jesus ainda na
crucificação, os cristãos passaram a vê-la cada vez mais como parte do mistério
que foi a encarnação do Filho de Deus.
Estes grupos de romeiros que vão caminhando até a capital do
Pará - que neste período é verdadeira capital da fé, também saem de Castanhal.
Ainda hoje pela manhã uma rede de televisão local fazia a cobertura da chegada
dos peregrinos e encontrou com uma caminhante que havia saído e Castanhal e
acabava de chegar ao local de recepção organizado pela Arquidiocese de Belém.
Mal a jornalista deu bom dia, a mulher começou logo a chorar e foi apenas capaz
de dizer “estou muito emocionada, pois mesmo quando pensei em desisti, pedi
forças e agora entendo o quanto é bom não ter desistido”.
Muitos ao ver essa cena ficarão completamente sem entender,
até criticarão o sacrifício da mulher ou excessos de peregrinos no Círio. A
pergunta maior é porque eles caminham? Porque se emocionam? Que significado tem
isso?
A fé é um dom, entra pelo coração e pela cabeça. Se explica
mas não necessariamente se entende; ora, quando amamos alguém, podemos até
enumerar motivos para esse amor, mas a gênese, quando o amor é verdadeiro, que
nos faz abrir mão de tantas coisas, que nos faz querer o bem do outro tantas
vezes acima do nosso não se explica. Porque? Por que o amor não é cálculo.
A caminhada dos peregrinos é um triplo encontro: o primeiro
é consigo, a possibilidade de passar alguns dias em contato direto com o seu
próprio coração, ouvindo e refletindo a própria vida a partir do olhar atento
do Evangelho, de Jesus; o segundo encontro é com os irmãos, que juntos são
manifestação do amor de Deus, se apoiando, rezando junto, sendo comunidade numa
sociedade em que cada um trabalha em sua sala, se resumindo as relações a um bom dia. Tudo bem? Apressado. Quantos
sorrisos partilhados, quantas lágrimas? Isso é comunidade que caminha no
sentido exato da palavra. O terceiro encontro é com a pessoa de Deus, pois
Maria só tem significado, só é importante porque Deus elevou os humildes em sua pessoa. Maria não é a imagem na berlinda,
mas é imagem do projeto de Deus para cada um de nós. De fato, a confiança
desses peregrinos se confunde um pouco com a confiança segura, até mesmo
infantil da jovem Maria em Deus, ao dizer seu sim numa entrega permanente para
o resto da vida.
O Círio só entende quem vive, quem se entrega e abre o
coração para o maremoto, ou melhor, Mariamoto de fé que toma conta da cidade
de Belém. Os peregrinos de Castanhal lembram sempre a ligação da Diocese de
Castanhal com sua Arquidiocese de origem, e indo além, da comunhão tão bonita e
tão própria da Igreja.
Romaria de Castanhal |
Em breve chega também a Romaria de Castanhal, festa
celebrada com fé e alegria pelo povo, e quantos de Belém também vem participar,
celebrar o amor de Deus. Tendo em vista a renovação deste mundo tão bonito mas
ainda tão feio pela carência do amor verdadeiro, ágape, possa o Círio de Belém e a Romaria de Castanhal nutrir a fé
e impulsionar o anúncio de Jesus, caminho, verdade e vida.
Paulo Correa
Nenhum comentário:
Postar um comentário